terça-feira, 7 de agosto de 2007

Sobram vagas

Novas tecnologias, novas oportunidades em todo o mundo. Mas para aproveitar essas chances é preciso preparo. Será que o Brasil está pronto para esse desafio? O desafio é vencer a falta de capacitação. São vagas de trabalho não preenchidas porque os candidatos não sabem falar inglês.

São muitas vagas e o que falta não é nem conhecimento em informática. Falta falar a língua que já se tornou universal: o inglês. Esse mercado tem crescido num ritmo dez vezes maior que a economia brasileira. O que obriga as empresas a investir tempo e dinheiro para dar aos empregados o que a rede de ensino não oferece.

Uma indústria diferente, sem máquinas nem barulho. A principal ferramenta é a inteligência: esta é uma fábrica de programas de computadores. Fábio tinha apenas o colegial quando entrou, há dois anos.
“As pessoas têm dúvida se vão ser médico, advogado. Eu sempre soube que era isso que eu queria”, conta.

Os programas de computadores, também chamados de softwares, estão espalhados por todos os lados e, muitas vezes, nem percebemos. Na hora de fazer uma ligação telefônica, por exemplo, um simples gesto aciona uma infinidade de códigos e caracteres de um programa que vai localizar um outro número de outra linha de telefone. Os softwares fazem parte cada vez mais do nosso dia a dia e é por isso que em todo mundo a área é considerada estratégica.
Bancos, comércio, indústria - todos precisam de softwares para funcionar. No mundo, esse mercado movimenta mais de R$ 1 trilhão por ano. Muitos trabalhos são feitos fora da fronteira dos principais países, como os da Europa, Estados Unidos e Japão.

A Índia é o principal fornecedor. Mas como a procura cresce em ritmo acelerado – 40% ao ano - o Brasil tem um grande espaço para conquistar.

“De hoje até 2010 nós precisamos preparar 100 mil profissionais, para que possamos exportar da ordem de US$ 5 bilhões, R$ 10 bilhões. Hoje exportamos US$ 1 bilhão, mais ou menos”, contabiliza o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Sofwares e Serviços Antonio Carlos Gil.

Clientes não devem faltar. O grande problema para chegar lá é a mão-de-obra qualificada. Hoje as empresas do setor precisam de 20 mil trabalhadores e não encontram. Uma fábrica fechou dois contratos com bancos estrangeiros no mês passado. Conseguiu contratar 300 funcionários. Mas precisa de outros 500. E é difícil achar.

“O inglês é o maior obstáculo, tanto que estamos treinando 300 pessoas por uma e meia por dia, quatro dias por semana. O maior investimento é inglês”, conta o presidente da empresa Jair Ribeiro.

Em outra fábrica de softwares também sobram vagas. Os lugares para os novos funcionários já estão colocados.

“Mensalmente a gente gira em torno de 300 vagas em aberto, dentro da nossa empresa. Buscando no mercado incansavelmente mas não conseguimos preenche-las”, diz o diretor Antonio Claudio do Nascimento.

Juliane conseguiu estágio há quatro meses. O curso intermediário de inglês ajudou e muito. “Por enquanto eu só estudei em escola pública, mas agora que já tenho meu trabalho, meu salário, vai ficar mais fácil”, planeja.

“A alternativa é a gente se desenvolver, o mercado está pedindo, está crescendo 40% ao ano, então a gente tem que se mexer agora para fazer isso acontecer”, aponta o diretor da unidade de negócios Antonio Claudio do Nascimento.

A falta de profissionais que falem inglês nessa área de tecnologia é mesmo crítica. Uma das empresas mostradas na reportagem dá até bônus no salário para o empregado que indicar um amigo, caso ele seja contratado.

Fonte:
Bom Dia Brasil - Globo
http://bomdiabrasil.globo.com/Jornalismo/BDBR/0,,AA1604969-3682,00.html

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